O Estado Islâmico veio para ficar

Em 22 de setembro, os Estados Unidos estenderam à Síria a operação contra o Estado Islâmico (EI), iniciada no Iraque em agosto e oficializada no início deste mês em discurso de Barack Obama. Com os bombardeios e o apoio a forças terrestres locais, tanto na Síria quanto no Iraque, Washington busca “degradar e destruir” o autoproclamado califado. O primeiro objetivo é factível, mas o segundo é claramente impraticável. Sem lidar com o autoritarismo, o sectarismo, o desemprego, a pobreza, o analfabetismo e outros problemas que fazem vicejar o radicalismo religioso no Oriente Médio, a ideia por trás do Estado Islâmico não será destruída. Quando, e se, o EI recuar e perder território, o ideal vai simplesmente aguardar, encubado, uma possibilidade de manifestar seu barbarismo novamente.

Do ponto de vista militar, o Estado Islâmico tem uma fragilidade importante que torna o grupo vulnerável à operação liderada pelos EUA: sua ambição expansionista, baseada em uma verdade religiosa que atribuiu ao grupo uma missão inexorável de dominação mundial.

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Em 2014, o mundo tem um califado islâmico. Como isso foi possível?

No domingo 29, o grupo ultrarradical Estado Islâmico do Iraque e da Síria anunciou a criação de um califado, com o objetivo de governar todas as populações muçulmanas. Por enquanto, o estado islâmico recém-inaugurado se estende do norte da Síria ao Iraque oriental, mas seu projeto é territorialmente ilimitado. A ideia de reeditar o califado é um delírio de extremistas, mas ajuda a mostrar a gravidade daquele que se tornou o problema central para a segurança do Oriente Médio.

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Na Síria, o alvo agora é a Al-Qaeda

Bashar al-Assad deve estar aliviado. Desde 3 de janeiro, suas tropas desfrutam de uma inesperada trégua, provocada não pelos esforços internacionais em favor da paz na Síria, mas por um conflito entre os rebeldes – muitos deles religiosos radicais – que até pouco tempo atrás estavam unidos contra o regime de Damasco. A disputa interna entre os opositores de Assad, iniciada com ataques verbais em 2013, evoluiu para um confronto militar nos últimos dias, e a tendência é que acabe com a oposição ainda mais enfraquecida.

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Ataque no Quênia mostra a força da Al-Qaeda

O ataque ao shopping center Westgate, em Nairóbi, capital do Quênia, é a maior das trágicas realizações do Al-Shabab, grupo militante da Somália, em sua curta história, que data de 2003. Em 2010, durante a Copa do Mundo da África do Sul, o grupo explodiu um restaurante em Uganda, outro país da África ocidental, mas aquele atentado nem de longe teve a publicidade da ofensiva contra Westgate. Desta vez, além de revelar que ainda está ativo, o Al-Shabab mostrou ao mundo quão distante está o fim da luta contra a ideologia da Al-Qaeda.

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O confronto entre o Exército Livre da Síria e a Al-Qaeda já começou

No fim de 2012, em um dos comentários que fiz sobre a situação na Síria, tentei mostrar aquilo que os poucos correspondentes internacionais presente no país vinham revelando, a existência de duas grandes forças entre os rebeldes que combatem Bashar al-Assad: os radicais islâmicos e o Exército Livre da Síria. Mostrar os tons de cinza na oposição a Assad fez com que eu fosse chamado, entre outras coisas, de “porta-voz dos terroristas sunitas sírios”.

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Golpe no Egito afeta o islã político em todo o Oriente Médio

A derrubada de Mohamed Morsi, anunciada na quarta-feira 3 pelo Conselho Supremo das Forças Armadas do Egito, terá repercussões não apenas no Egito, mas também no resto do Oriente Médio. O golpe derrubou a Irmandade Muçulmana, grupo ao qual Morsi pertence, mas também atingiu em cheio o islã político, movimento presente em diversos países e cuja inserção no diálogo democrático é fundamental para a estabilidade regional.

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