O Estado Islâmico veio para ficar

Em 22 de setembro, os Estados Unidos estenderam à Síria a operação contra o Estado Islâmico (EI), iniciada no Iraque em agosto e oficializada no início deste mês em discurso de Barack Obama. Com os bombardeios e o apoio a forças terrestres locais, tanto na Síria quanto no Iraque, Washington busca “degradar e destruir” o autoproclamado califado. O primeiro objetivo é factível, mas o segundo é claramente impraticável. Sem lidar com o autoritarismo, o sectarismo, o desemprego, a pobreza, o analfabetismo e outros problemas que fazem vicejar o radicalismo religioso no Oriente Médio, a ideia por trás do Estado Islâmico não será destruída. Quando, e se, o EI recuar e perder território, o ideal vai simplesmente aguardar, encubado, uma possibilidade de manifestar seu barbarismo novamente.

Do ponto de vista militar, o Estado Islâmico tem uma fragilidade importante que torna o grupo vulnerável à operação liderada pelos EUA: sua ambição expansionista, baseada em uma verdade religiosa que atribuiu ao grupo uma missão inexorável de dominação mundial.

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O massacre nas praças Rabaa al-Adawiya e Nahda

O vídeo acima resume as evidências coletadas ao longo do último ano pela ONG Human Rights Watch a respeito dos massacres cometidos pelas autoridades do Egito em julho e agosto de 2013, nas semanas seguintes à deposição de Mohamed Morsi, primeiro presidente eleito na história do país. A HRW contabilizou ao menos 1150 mortes,a maioria em 14 de agosto, quando 817 pessoas foram assassinadas nas praças Nahda e Rabaa al-Adawiya, no Cairo, número equivalente à matança ocorrida no Massacre da Praça da Paz Celestial, em Pequim, em 1989.

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No Egito, a ditadura busca legitimidade

Nos próximos dois dias, os egípcios vão às urnas pela primeira vez desde o golpe contra Mohamed Morsi, em 3 de julho passado. Em referendo, os eleitores devem dizer sim ou não à nova Constituição do Egito, elaborada por um grupo de 50 pessoas nomeadas pelo atual regime. O retorno de um procedimento importante para uma democracia, a votação popular, não deve ser confundido com a democratização do Egito. Ao contrário, o voto de terça-feira 14 e quarta-feira 15 não passa de uma ferramenta do governo interino, comandado pelo general Abdul Fatah Khalil Al-Sissi, para legitimar seu poder no país.

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O julgamento de Morsi não é legítimo

Raros, julgamentos de ex-presidentes deveriam ser a celebração de Estados neutros, nos quais a importância política de uma figura não é levada em conta pela Justiça, exatamente como determina o princípio da neutralidade. No caso do Egito, que na segunda-feira 4 começou julgar Mohamed Morsi, deposto em julho, o processo é a subversão da neutralidade. O julgamento, que continuará em 8 de janeiro, não passa de uma clamorosa farsa.

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O que ler, ver e ouvir sobre o golpe no Egito

*atualizado em 6 de julho de 2013 Uma coletânea de análises sobre a crise que levou à deposição de Mohamed Morsi: Egypt’s Coup: Is it Déjà vu All Over Again? John L. Esposito, professor de Religião e Assuntos Internacionais na Universidade Georgetown, diz que a onda de autoritarismo mostra como é profunda a influência do regime de Hosni Mubarak sobre o Egito. Para ele, os … Continuar lendo O que ler, ver e ouvir sobre o golpe no Egito

Golpe no Egito afeta o islã político em todo o Oriente Médio

A derrubada de Mohamed Morsi, anunciada na quarta-feira 3 pelo Conselho Supremo das Forças Armadas do Egito, terá repercussões não apenas no Egito, mas também no resto do Oriente Médio. O golpe derrubou a Irmandade Muçulmana, grupo ao qual Morsi pertence, mas também atingiu em cheio o islã político, movimento presente em diversos países e cuja inserção no diálogo democrático é fundamental para a estabilidade regional.

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