#Don’tNormalizeHate: campanha apoia muçulmanos nos EUA

A eleição de Donald Trump criou uma atmosfera de medo para grupos vulneráveis e minorias nos Estados Unidos, em especial para os muçulmanos. Em sua campanha, o republicano propôs banir a entrada de muçulmanos nos EUA e, após ser eleito, não fez esforço para se distanciar da ideia de criar um registro nacional de todos os seguidores do islã no país.

Essa proposta foi apresentada em novembro a Trump por Kris Kobach, secretário de estado no Kansas e então cotado para assumir um posto no gabinete do presidente eleito. Questionado sobre a ideia após a reunião, Trump jamais a descartou.

A proposta do registro nacional lembra o fracasso do National Security Entry-Exit Registration System (NSEERS), programa da administração George W. Bush que realizou “registros especiais” de cerca de 100 mil pessoas originárias de uma lista de 25 países selecionados, dos quais 24 eram muçulmanos. Vigente até 2011, o NSEERS jamais produziu uma única denúncia conhecida de terrorismo.

Além disso, a ideia de um registro nacional de pessoas é provavelmente inconstitucional e remete a momentos de exceção, como a internação de japoneses e descendentes feita pelo governo dos EUA durante a Segunda Guerra Mundial. Naquele período, 120 mil pessoas foram colocadas em campos de concentração dentro dos EUA. No Brasil, durante os governos de Getúlio Vargas e Eurico Gaspar Dutra, a comunidade japonesa também foi vítima de inúmeras violações de direitos humanos.

Um paralelo entre a internação de japoneses nos anos 1940 e a proposta de registro de muçulmanos foi feita pela campanha #Don’tNormalizeHate (Não Normalize o Ódio), com o vídeo “Is history repeating itself?” (A história está se repetindo?), que mostra a história real de Haru Kuromiya, vítima da perseguição durante a Segunda Guerra.

No fim do vídeo, os espectadores veem que Kuromiya é interpretada por uma mulher jovem muçulmana. A campanha foi dirigida por Aya Tanimura e Tim Nackashi e patrocinada pela cantora Katy Perry.

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